Águas de Dandalunda

Presente a Yemonja - fev. 2014
Foto: Marcio Neri
Em Santiago do Iguape
revi as matas de Ossayin.
Pisei no engenho
observei a miragem
dos barcos dos Senhores
rumo à igreja.

Abracei a memória dos meus ancestrais
e senti ares de minha casa
para além do Atlântico.

Mas retomei dos pensamentos
pelas águas do Paraguaçu:
aí foi uma kizumba só!

Dancei samba de roda
ginguei na capoeira
casei amores nas quadrilhas de junho
e sm piscar
beijei meu preto no coreto da praça.

No quilombo, olhares irmanados.
O canto d'Os Bantos
       me levou para o colo de Dandalunda
e lá ninei meus sonhos
aquilombei meus prazeres
enfim, encontrei meu lar.

Ana Fátima dos Santos

(publicado em Cadernos Negros vol. 37 - poemas afro-brasileiros, SP: Quilombhoje, 2014, p.26)

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